Hassan estreou-se a titular e marcou o primeiro golo do jogo |
Liga | Vitória 2-1 Académica
Cinco jogos depois, o Vitória
voltou a sorrir no Bonfim. Fê-lo pela segunda vez nesta temporada, ao décimo
encontro caseiro. Porque o adversário se chamava Académica, poderá até dizer-se
que aprendeu a lição, mas não evitou sofrer até ao fim, perante um adversário
que ainda não venceu na condição de visitante.
Apesar de se tratar de um
clássico do futebol português, as bancadas do reduto sadino mostraram-se
despidas, o que não inspirou propriamente os jogadores das duas equipas.
Assistiu-se a um mau jogo de futebol, sobretudo na primeira parte, onde houve
muitas faltas, muitas bolas divididas, mas escassas oportunidades de golo. Numa
dessas raras ocasiões, Hassan marcou. Foi essa a diferença entre ambos os conjuntos
na etapa inicial: um marcou, o outro não.
No segundo tempo, a qualidade do
espetáculo melhorou ligeiramente. Os setubalenses não descansavam com o 1-0 e
foram à procura de uma vantagem mais dilatada. Os coimbrenses, ainda menos
contentes com o resultado, fizeram pela vida e foram em busca do tento da
igualdade. O empate acabou por chegar, num lance pouco afortunado para Ruca,
que ao desarmar Gonçalo Paciência isolou Nuno Piloto, que na cara de Ricardo
não perdoou.
Embora o 1-1 não agradasse, Quim
Machado foi arrojado ao retirar um avançado, Hassan, colocando em campo um central
adaptado a médio, Miguel Lourenço, para ganhar a batalha do meio-campo. Mais
equilibrados, os vitorianos estabilizaram e foram em busca do triunfo.
Arnold marcou, numa primeira
instância (70 minutos), mas viu o golo ser (mal) anulado por pretenso fora de
jogo. Temeu-se que a igualdade permanecesse até ao apito final, mas aos 84’ o
extremo congolês, mesmo após uma receção de bola deficiente, conseguiu acertar
pela segunda vez com o fundo das redes, desta feita a valer.
Apesar dos três pontos somados e
do regresso às vitórias quatro partidas depois, há ilações que o técnico sadino
deverá tirar. O meio-campo com apenas dois homens – sendo apenas um de características
defensivas – tem deixado a equipa desequilibrada, a defesa exposta e não
permite a André
Horta ter a máxima liberdade para pautar o jogo ofensivamente. Em vez de ir
resolvendo esse problema a meio dos encontros, convém cortar o mal pela raiz,
que é como quem diz, no onze inicial.
Ficha de jogo
Liga – 19.ª jornada
Estádio do Bonfim, em Setúbal (2.288 espectadores)
Vitória (4x1x3x2): Ricardo; William Alves (Gorupec, 73), Frederico
Venâncio c, Rúben
Semedo e Nuno Pinto; Fábio Pacheco; Arnold, André
Horta e Ruca (Vasco Costa, 80); Hassan (Miguel Lourenço, 66) e André Claro
Suplentes não utilizados: Raeder
(GR), Alexandre, Dani e Paulo
Tavares
Treinador: Quim Machado
Disciplina: Cartão amarelo
a Frederico Venâncio (40), André
Horta (81) e Ricardo (90+4)
Académica (4x2x3x1): Pedro Trigueira; Aderlan, João Real, William
Gustavo e Rafa Soares; Fernando Alexandre c (Ricardo Nascimento, 87)
e Nuno Piloto; Hugo Seco (Marinho, 50), Rui Pedro (Gonçalo Paciência, 41) e
Ivanildo; Rafael Lopes
Suplentes não utilizados: Lee
(GR), Pedro Nuno, Oualembo e Artur Taborda
Treinador: Filipe Gouveia
Disciplina: Cartão amarelo
a Ivanildo (31), Rafa Soares (31) e Rafael Lopes (36)
Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto), assistido por Pedro Ribeiro e Tiago
Leandro, com Pedro Campos como 4.º árbitro
Golos
1-0, por Hassan (37). Na
resposta a um canto de Nuno Pinto, William Alves cabeceou para defesa
incompleta de Trigueira. Na recarga Hassan fez golo.
1-1, por Nuno Piloto (59).
Num lance a meio-campo, ao efetuar o desarme sobre Gonçalo Paciência, Ruca
acabou por isolar Nuno Piloto na cara de Ricardo. O médio da Académica,
isolado, não perdoou.
2-1, por Arnold (84). Na
sequência de um cruzamento de Gorupec, Arnold recebeu a bola de forma
deficiente, mas ainda foi a tempo de a rematar para o fundo das redes.
Estatísticas (Vitória-Académica)
Posse de bola (%): 52-48
Remates: 9-12
Remates à baliza: 4-3
Cantos: 7-8
Faltas cometidas: 22-17
Foras de jogo: 3-4
Apreciação individual
Ricardo: Regressou à
titularidade um mês depois, após ter estado lesionado no ombro e de ter sido
suplente na partida da jornada anterior, diante do Boavista.
Esteve bem nas saídas aos cruzamentos e não teve responsabilidade no golo
sofrido. Assinou uma brilhante intervenção a remate de Aderlan, aos 74 minutos.
William Alves: Foi
influente no lance do 1-0, tendo cabeceado para defesa de Trigueira antes da
recarga de Hassan. Não sentiu grandes dificuldades defensivas, embora se tenha
envolvido pouco no apoio ao ataque.
Frederico Venâncio: Viu o
cartão amarelo por falta sobre Ivanildo já no final do primeiro tempo (40’ ). Esteve quase sempre bem colocado
e em bom plano.
Rúben
Semedo: Fez um corte providencial aos 45 minutos, ao impedir que a bola
chegasse a Gonçalo Paciência à boca da baliza sadina. Conseguiu estar
concentrado durante todo o encontro, o que aliado à sua velocidade, agilidade e
capacidade técnica proporcionou uma belíssima exibição.
Nuno Pinto: Deu
profundidade ao corredor esquerdo e não sentiu grandes dificuldades para lidar
com a oposição de Hugo Seco, primeiro, e de Ivanildo, depois.
Fábio Pacheco: Voltou ao
meio-campo, onde se sente mais confortável e geralmente tem um desempenho
superior. Somou inúmeros desarmes no miolo. Arrepiou o lance em que fez a
espargata para cortar um cruzamento no interior da sua área (55’ ).
Arnold: Sacou um cartão
amarelo a Rafa Soares (31’ ),
condicionando o lateral dos estudantes para o que restava do encontro. Viu
ser-lhe anulado um golo limpo por pretenso fora de jogo (70’ ). Mais uma vez, mostrou que
a velocidade é a sua grande arma, mas desiludiu na execução técnica de passes,
cruzamentos e vários remates. Exemplo disso foi a receção deficiente que mesmo
assim, não o impediu de rematar forte para o 2-1, já bem no interior da área da
Académica.
Jogadores do Vitória voltaram a festejar no Bonfim |
André
Horta: Excelente a iniciativa ao roubar a bola a Rui Pedro já perto da
área da Académica e depois rematar para intervenção de Pedro Trigueira, aos 21
minutos. Esteve ativo, com a garra habitual, mas acusou algum cansaço no
segundo tempo, quando até ficou mais liberto de tarefas defensivas. Contudo,
ainda teve fôlego para desmarcar Gorupec na direita no início da jogada do 2-1.
Ruca: Substituiu o castigado
Costinha. Foi infeliz ao fazer uma autêntica assistência para Nuno Piloto,
oferecendo o 1-1 ao médio dos estudantes. Ajudou a fechar bem o corredor, mas
ofensivamente participou pouco.
Hassan: Foi a grande
novidade do onze sadino, alcançando a primeira titularidade na equipa em jogos
oficiais. O jogo já por isso era especial, mas o filho do antigo avançado de
Farense e Benfica (com o mesmo nome) quis torná-lo ainda mais memorável ao
apontar o primeiro golo da partida. Esteve perto de bisar aos 48 minutos, mas
respondeu a um cruzamento de Nuno Pinto com um cabeceamento desenquadrado. Além
do golo, mostrou outros bons pormenores.
André Claro: Apresentou
grande mobilidade mas não teve nenhum daqueles rasgos individuais, cruzamentos
ou remates que em partidas anteriores fizeram a diferença.
Miguel Lourenço: Reforçou
o meio-campo, mesmo sendo um central e havendo três médios no banco (Dani,
Alexandre e Paulo Tavares). Entrou nervoso, falhou passes, andou às apalpadelas
para encontrar os melhores terrenos para pisar, mas acabou por ser recompor na
parte final do encontro.
Gorupec: Entrou para dar
mais propensão ofensiva ao corredor direito e foi uma aposta em cheio de Quim
Machado, uma vez que o lateral croata fez a assistência para o 2-1.
Vasco Costa: Entrou para
refrescar o ataque nos últimos dez minutos.
Outras notas
Rúben
Semedo regressa às opções de Quim Machado, após ter cumprido castigo diante
do Boavista. O central/médio tem estado na ordem do dia, pois vai regressar
ao Sporting já em janeiro, terminando assim o empréstimo ao Vitória. Ainda
assim, foi a jogo diante da Académica.
Costinha falhou o encontro frente
à Académica – clube que representou enquanto júnior - devido a castigo, após
ter visto o quinto amarelo na Liga no
jogo frente ao Boavista.
Meyong, que já se treina com o
plantel sadino, ainda não viu a sua contratação ser oficializada, devido a
questões burocráticas, e é carta fora do baralho para a partida com os
estudantes.
O médio guineense de 17 anos da
formação do Vitória, Herculano Carvalho, está a ser alvo de cobiça por parte de
Sporting, Benfica, Inter, Juventus, Roma e Leverkusen. Outra pérola das camadas
jovens sadinas, Valdo Té, está na mira de Inter, Atalanta, Sporting, Benfica e
FC Porto.
Segundo o Record, o jovem central da equipa B
do Benfica, João Nunes, 20 anos, está nos planos do Vitória para
reforçar a equipa principal já em janeiro, por empréstimo dos encarnados.
O guarda-redes sadino Ricardo
representou a Académica em 2007/08 e de 2009/10 a 2013/14, tendo
até conquistado uma Taça de Portugal pela briosa, numa final ganha ao Sporting
(1-0), em 2011/12.
O avançado da Académica, Rafael
Lopes, regressou ao Bonfim, onde jogou ao serviço do Vitória em 2011/12.
Obiora (rotura no adutor
esquerdo), Iago (traumatismo no joelho esquerdo), Emídio Rafael (sinovite no
tornozelo esquerdo), Nii Plange (rotura nos isquiotibiais) e Makonda (mialgia na
face posterior da coxa esquerda), todos lesionados, e Leandro Silva, castigado,
constituíram o lote de ausentes dos estudantes na deslocação a Setúbal.
Paulo Tavares e Arnold estavam em
risco de exclusão, mas não viram qualquer cartão amarelo.
A receção à Académica constituiu
a pior assistência da época no Bonfim em jogos da Liga (2.288), ficando abaixo
dos 3.018 que tinham estado na partida diante do Estoril. Curiosamente, os dois
jogos com menos público coincidiram com as únicas vitórias caseiras sadinas.
Números
André Claro continua a ser o
jogador do Vitória com mais minutos na Liga (1621), seguido de perto por
Frederico Venâncio (1620).
A Académica continua sem ganhar
fora nesta edição da Liga: nove jogos, dois empates e sete derrotas.
Em 108 jogos entre as duas
equipas na I divisão, a vantagem é sadina: 49 vitórias, 24 empates e 35
derrotas. Se contabilizarmos apenas os jogos no Bonfim, esse facto ainda é mais
acentuado: 54 encontros, 34 triunfos setubalenses, nove igualdades e 11
desaires.
Na temporada transata, o Vitória
só atingiu os 25 pontos à 27.ª jornada e em 34 rondas ficou-se pelos 24 golos
marcados (já tem 30 em 2015/16).
Os sadinos já não somavam 25 ou
mais pontos à 19.ª jornada desde 2007/08 (28) e não tinham tantos golos
marcados à mesma ronda desde 1993/94 (30).
Outras análises
Vitória – Boavista (1.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/das-boas-transicoes-ao-amargo-empate.html
Académica - Vitória (2.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/o-aleatorio-deu-o-mote-para-goleada.html
Vitória – Rio Ave (3.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/tornou-se-frustrante-o-empate-que-antes.html
Vitória – V. Guimarães (5.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/em-duelo-de-vitorias-so-o-de-setubal.html
Vitória – Estoril (7.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/10/a-quarta-tentativa-bonfim-viu-vitoria.html
FC Porto – Vitória (10.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/resistencia-sadina-no-dragao-durou-70.html
Vitória – União (11.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/o-impensavel-pontinho-foi-festejado-no.html
Belenenses – Vitória (12.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/pressao-do-vitoria-deixou-belenenses-de.html
Vitória – Benfica (13.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/continua-espera-por-um-dia-menos-bom-do.html
Vitória – Rio Ave (Oitavos de final da Taça de Portugal): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/o-vilao-nao-virou-heroi-mas-nao-merecia.html
Vitória – SC Braga (15.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/bonfim-e-segundas-partes-continuam-ser.html
Vitória – Sporting (16.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/brilhante-epoca-sadina-nao-merecia.html
Paços de Ferreira-Vitória (17.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/era-pos-suk-comeca-com-passos-em-falso.html
Boavista – Vitória (18.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/vitoria-sem-bata-no-laboratorio-de.html
Artigos de opinião
O Pirlo do Bonfim: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/o-pirlo-do-bonfim.html
Concentra-te, Rúben!: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/concentra-te-ruben.html
O melhor asiático de sempre do futebol português: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/o-melhor-asiatico-de-sempre-do-futebol.html
A batuta do maestro André: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2016/01/a-batuta-do-maestro-andre.html
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