7 necessidades para se tornar um jogador profissional

Autor: Valter Correia


Muitos jovens atletas sonham um dia em tornar-se jogadores profissionais. A hipótese de ganhar muito dinheiro com futebol, de ser famoso e ter uma vida feliz, é vista pelos jovens jogadores como um sonho, e para praticamente todos eles, o futebol é o único meio capaz de os fazer alcançar esses sonhos. Porém, existe um caminho muito longo para percorrer, por vezes complicado e que exige paciência, mas que não é impossível. Desta forma, apresentamos alguns conselhos aos mais novos que um dia pretendem ser jogadores profissionais.

1- Ter muita vontade
Enquanto somos novos, temos a capacidade de aprender e evoluir. Estamos na altura exata de adquirir as bases, uma vez que, quando adultos, temos obrigações com a nossa vida e não temos a mesma capacidade de aprender como os novos. Então, desde tenra idade, o jovem jogador deve sempre tentar jogar o máximo, não só para que lhe sejam dadas mais oportunidades, como para se fazer a si mesmo, passar pelo maior número possível de situações com a bola. É justamente por passar por muitas situações que o atleta ganha as suas bases, ganha o seu estilo de jogo, e, a partir do momento que tem o seu próprio estilo, que é o mais difícil, evoluir para se tornar um bom jogador torna-se bem mais fácil. Se o treinador notar que o atleta não tem muita vontade de jogar, faça-o passar por situações onde é obrigado a interagir com a bola e com o jogo, onde é obrigado a se concentrar. Se o atleta reconhece que está com pouca vontade de jogar, peça ao treinador para que este não o deixe relaxar, e para puxar por ele até se sentir mais capaz de si mesmo.

2- Espaço para aprender
É muito importante interagir com a bola e com o jogo, não só para os miúdos como para os graúdos. Não é fácil criar as bases corretas para o estilo de determinado jogador. Por exemplo, um avançado pode estar a jogar descaído para os flancos, quando na realidade teria muito mais resultado mantê-lo junto à baliza. Está a jogar num estilo diferente do seu próprio estilo. Para o jovem atleta, o melhor que o treinador pode fazer, é ensinar-lhe a jogar em várias situações, mas deixá-lo jogar ao seu estilo. Tentar extrair o máximo desse atleta, mas ao seu próprio estilo. Isto acontece, porque cada um de nós tem a nossa forma de ver o mundo e a nossa capacidade de resolver os nossos problemas. Uns sabem resolver de uma forma, outros sabem resolver de outra forma, e se mudarem o seu estilo, é provável que não saibam dar as respostas certas aos problemas que se sucedem. Um jogador, numa situação de 2x1, pode sentir-se muito mais confortável em tentar entrar no 1x1 e deixar o seu colega de equipa em cobertura defensiva, e mesmo que perca a bola tentar recuperá-la com o seu colega, do que jogar em mobilidade com o seu colega para ultrapassar esse adversário. Já outro jogador sente-se mais confortável a jogar em mobilidade do que tentar ultrapassar o jogador adversário. São estilos diferentes, que ambos podem dar resultado.

3- Conselhos
Na minha forma de ver o futebol, penso que os jogadores deviam ter um limite máximo de dinheiro que podem ganhar. Compreendo que esse valor lhes seja pago pela vantagem que os clubes têm com esses jogadores, acredito também que alguns jogadores são absurdamente pagos com valores muito elevados, dinheiro esse para os quais não estão prontos a gerir. Por exemplo, jogadores com 15 anos pensam em ganhar milhões quando tiverem 18 anos, mudam de escola de formação para uma que julgam melhor e acabam por perder a carreira toda, porque deixaram de ter as mesmas oportunidades que tiveram até agora. Outros, com 21 anos, querem abandonar os seus clubes, querem ir para clubes maiores e ganhar mais, criam uma mão cheia de problemas nos clubes que representam e acabam encostados para o lado, correndo o risco de perder a sua carreira. Se os expoentes máximos do futebol, impedissem os jovens jogadores de ganhar mais do que um determinado valor, e se as escolas de formação tivessem os seus próprios agentes de futebol, direcionados para a carreira do atleta e não para a sua conta bancária, talvez o futebol se tornasse mais agradável ainda. Infelizmente, muitos jogadores nunca se irão tornar jogadores profissionais, pelo simples facto que foram mal aconselhados.

4- Horas de treino
Não me lembro de nenhum jogador que se tenha tornado profissional do dia para a noite, nem me lembro de nenhum trabalhador que se tenha tornado profissional da mesma forma. Ser profissional, exige muito tempo e trabalho, exige passar por muitas situações de jogo. O atleta, enquanto é novo, não tem a pressão de ganhar e pode aproveitar o tempo para passar pelo número máximo de situações e aprender a resolvê-las. Quando se torna mais velho, essas situações são mais difíceis, e se não for capaz de as pensar e resolver rapidamente, perante a pressão de ser obrigado a vencer, facilmente a sua carreira passará ao lado. O jogador, enquanto novo, deve aprender a resolver as situações, para que seja capaz de as resolver no jogo, quanto for mais velho. Jogadores profissionais são capazes de resolver situações difíceis porque já passaram por situações idênticas e lembram-se mais facilmente da resposta correta que devem dar a cada uma dessas situações.

5- Estímulos
Este é o melhor treino que o atleta deve ter. Ao que nós chamamos futebol de rua, atribuímos imenso valor a esse estilo, porque o jogador é estimulado no futebol de rua. Aprende a jogar ao seu estilo no futebol de rua. Realmente, vemos muita gente a atribuir muito valor ao futebol de rua, mas eu não atribuo tanto valor quanto isso. Na realidade, atribuo pouco valor a treinos estáticos, onde o jogador não tem espaço nem tempo para experimentar coisas novas com a bola, não tem espaço para jogar de determinada forma, é obrigado a jogar de outra forma qualquer e não é estimulado para a natureza que o seu organismo apresenta. O treino dos jovens, antes destes serem treinados para ganhar, devem ser treinados para evoluir, mesmo que implique perderem jogos. Os pais dos jovens jogadores devem também apoiar os miúdos para evoluir, jogando até futebol com eles em casa, e compreenderem que os seus filhos estão ali para aprender e não para vencer. Se o treinador fizer os jogadores passarem por muitas situações fáceis e variadas, certamente que o atleta vai ser um jogador polivalente e capaz de resolver imensas situações, apenas porque aprendeu a dar resposta a essas situações.

6- Oportunidades
Nenhum jogador se pode formar profissional se não tiver oportunidades para isso. Mesmo com muito futebol de rua, nenhum jogador vai ser um grande atleta se praticar futebol de rua até aos 20 anos de idade e não participou em nenhum clube até ao momento. Todos os jogadores precisam de oportunidades, não só de uma ou duas, mas de muitas e muitas oportunidades. Experimentar um jogador uma vez, não implica que esse jogador mostre logo tudo o que tem. Talvez esse jogador não se sinta confortável logo de início, porque não somos todos iguais. Mas, se esse jogador tiver mais oportunidades, e mesmo que falhe, demonstre vontade de evoluir, certamente que esse jogador se pode tornar profissional, não só porque tem vontade, com tem espaço para evoluir. A alta competição é muito diferente do treino, tomem nota disso.

7- Disciplina
Por vezes os jogadores têm uma vontade imensa de lhes fazer o que lhes apetece. Mas devem ser ensinados a lutar contra isso. O ser humano é feito de hábitos e zonas de conforto. Isso são estados mentais, que orientam a mente a fazer determinadas tarefas em vez de outras. Por exemplo, um jogador tem uma habilidade formidável no passe em profundidade. Mas, até agora, os únicos estímulos que obteve foram passes simples. Nesse jogador foi criado o hábito dos passes simples, e para este fazer passes em profundidade, tem de sair da sua zona de conforto. A zona de conforto representa o que este indivíduo sente-se capaz de fazer, e tudo o que estiver fora da sua zona de conforto, esse indivíduo hesitará a fazer. Logo, o nosso atleta hesitará no momento dos passes em profundidade, porque não está habituado a fazê-los.

Artigo do site: Teoria do Futebol.com
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Autor: F. Santos - Memórias

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