ANTIGO INTERNACIONAL REVELA PORMENORES DESCONHECIDOS
O antigo internacional português Fernando Mendes, de 42 anos, encetou uma carreira na escrita e lançou o livro "Jogo Sujo" (Livros De Hoje ), onde mantêm o estilo irreverente que o caracterizou ao longo da carreira, que contou com passagens por Sporting, Benfica e FC Porto. Especialmente quando trata do assunto doping, assegurando que era prática comum na altura em que era profissional de futebol.
«Não me arrependo do que fiz»
O antigo internacional português, em declarações ao site Maisfutebol, não se mostra arrependido pelos atos cometidos. Afirma mesmo que se fosse hoje, era possível que repetisse o comportamento: "Se calhar voltava a fazer a mesma coisa, para conseguir objetivos que se calhar muita gente não consegue e eu consegui, em termos de futebol profissional".
Fernando Mendes lançou este livro porque considerou que devia mostrar a todos os podres do futebol: "O gajo indicado para mostrar que o futebol não tem só coisas bonitas".
"É o assumir de práticas que não são corretas por parte de um profissional de futebol, mas que acontecem e vão acontecer sempre", vaticina o antigo jogador.
Confira algumas das partes mais "quentes" da nova obra de Fernando Mendes:
"Em determinado período da minha carreira cheguei a um clube que tinha uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático. Para além destas qualidades, existiram outros ingredientes que facilitaram o nosso percurso vitorioso. Devo dizer que antes de ir para este clube nunca tinha tido qualquer experiência com doping (pelo menos conscientemente)"
"No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através de injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (...) A injecção tinha efeito imediato, enquanto os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo"
"Os incentivos para correr eram sempre apresentados pelo massagista. Passado pouco tempo de estar no clube, ele aproximou-se de mim, e de outros novos jogadores (...) Disse-me claramente que aquilo que ia dar-me era doping, embora nunca tivesse falado de eventuais efeitos secundários. (...) Com o passar do tempo assumi os riscos e tomei doping de todas as vezes que me foi dado. (...) Nunca vi um único colega insurgir-se perante essa situação"
"Em alguns clubes onde joguei tomei Pervitin, Centramina, Ozotine, cafeína, entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome"
"Se um jogo fosse ao domingo, o nosso médico sabia na sexta ou no sábado quais as partidas que iriam estar sob a tutela do controlo antidoping. Mal tinha acesso à informação, avisava todo o plantel e o dia de jogo acabava por ser directamente influenciado por essa dica"
"Em determinada temporada (...) sou convocado para um encontro particular da Selecção Nacional. (...) Faço uma primeira parte fantástica, mas ao intervalo começo a sentir-me cansado e tenho medo de não aguentar o ritmo (...) O jogo realiza-se num estádio português (...) Estão lá um médico e um massagista de um clube onde jogo (...) No intervalo, peço a esse médico para me dar uma das suas injecções de doping. Saio do balneário da Selecção, sem que ninguém se aperceba, e entro numa salinha ao lado. É aí que me dão a injecção pedida por mim. Volto a frisar que ninguém da Selecção se apercebeu"
"Cada jogador tomava uma dose personalizada, mediante o seu peso, condição física ou última vez que tinha ingerido a substância (...) Porém, nos jogos importantes era sempre certo (...) Quando se sabia que não iria haver controlo antidoping, nunca falhava"
"Lembro-me de um jogo das competições europeias contra uma equipa que tinha três campeões do mundo no seu plantel. Um deles era um poderoso avançado no jogo aéreo. (...) Apanhei-o várias vezes no meu terreno de acção. Ele era um armário, com um tremendo poder de impulsão. Mas nesse dia eu saltei que nem um louco e ganhei-lhe quase todas as bolas de cabeça (...) O meu segredo: uma pequena vacina, do tamanho de meia unha, chamada Pervitin"
"Em certos treinos víamos um ou dois juniores que apareciam para treinar connosco. Esses juniores não estavam ali porque eram muito bons ou porque tinham de ganhar experiência. Estavam ali para servirem de cobaias a novas dosagens. Um elemento do corpo clínico dava cápsulas ou injecções com composições ilegais a miúdos dos juniores (...) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno"
Fonte: Record
1 Comentários :
Já pode visitar o blog do José Geadas, para isso vá a este endereço
http://josegeadas.pt.to/
Enviar um comentário