Parte da entrevista ao JORNAL DE ALCOCHETE
“O meu sonho é deixar o Alcochetense na II Divisão”
Saudemos, em primeiro lugar, o regresso da equipa de futebol do G. D. Alcochetense à III Divisão Nacional, todavia, será importante recordar o acidentado percurso até à vitória final. De facto, a equipa alcochetana entrou muito mal na prova, perdendo os primeiros quatro jogos consecutivos realizados extramuros: Sesimbra (3-0), Arrentela (2-0), 1.º Maio Sarilhense (1-0) e Comércio Indústria (2-0). Dessa forma, depois do empate com o Amora (1-1), à 8.ª jornada em casa, o Alcochetense quedou-se a uma distância de 12 pontos do líder, Sesimbra, que na altura comandava destacadíssimo. A partir do jogo com o Amora, com uma série de 23 jogos sem perder, “os verdes-e-brancos” arrancaram imparáveis para a conquista do campeonato, ao mesmo tempo que carimbavam o regresso à III Divisão Nacional. Todavia, apesar de não oficializada, a continuidade de Carlos Lóia à frente da equipa é já um dado adquirido.
Jornal de Alcochete – A história teve um final feliz, no entanto, à 7.ª jornada, após a derrota no Com. Indústria colocou o seu lugar à disposição. O que o levou a tomar essa decisão?
Carlos Lóia – Uma equipa como o Alcochetense, quando cai nos distritais é para subir e não pode perder quatro jogos consecutivos fora de casa sem marcar um único golo. A minha tomada de posição teve como principal objectivo abanar o grupo e não foi contra ninguém em especial. Ou os jogadores se responsabilizavam ou saía o treinador.
JA – Entretanto, a Direcção pediu-lhe para continuar. Dispensou cinco jogadores, contudo, na jornada seguinte, já com a nova aquisição, Nélson, empatou com o Amora em casa (1-1) e ficou ainda mais longe do 1.º lugar?
CL – Apesar do empate, realizámos excelente exibição, mas o mais importante de tudo é que, após semana conturbada, ganhámos uma equipa.
JA – A doze pontos do líder, à 8-ª jornada, acreditou ser possível levar a equipa ao 1-º lugar?
CL – Aquilo em que acreditei sempre foi que a equipa tinha valor muito superior ao lugar que ocupava na tabela classificativa e sabia que, se ganhássemos dois ou três jogos consecutivos, tudo podia acontecer. É evidente, não nos passava pela cabeça sermos campeões, mas íamos tentar ganhar o maior número possível de jogos de forma a ultrapassarmos as equipas acima de nós. Quando chegámos ao 2.º lugar, os jogadores libertaram-se da pressão e perceberam que, afinal, o primeiro lugar estava ali tão perto. Foi essa a nossa grande arma.
JA – A vitória em Alfarim foi fundamental na reviravolta?
CL – Todas as vitórias foram importantes, contudo, tínhamos noção de que esse era um dos jogos mais difíceis pela qualidade da equipa. Se ganhássemos, como de facto aconteceu, teríamos muitas possibilidades de chegar ao 1.º lugar.
JA – Sem desprimor para os restantes, Nélson foi a grande aquisição de Inverno e peça fundamental na reviravolta?
CL – Sem dúvida alguma. Faltava-me, efectivamente, um jogador na equipa que fizesse a ligação meio-campo/ataque. Tinha sido meu jogador no C. D. Montijo, conhecia-o bem e sabia que seria muito importante no meu sistema de jogo, como de facto veio a acontecer, contudo, não quero entrar em análises individuais uma vez que todos foram fundamentais na conquista do título.
JA – Vai continuar à frente da equipa na próxima época?
CL – Tudo indica que sim. Estou há três anos no clube e estarei sempre disponível para continuar a trabalhar em prol da colectividade. Em termos de plantel para a próxima época, sei do que a equipa necessita, portanto, basta sentarmo-nos à mesa e conversarmos. Como é evidente, nunca gostei de ser coitadinho em lado nenhum. É fundamental constituirmos uma equipa que possa bater-se em qualquer campo pelos lugares cimeiros, de modo a fixar-se na III Divisão e poder, depois, ambicionar mais altos patamares. Assim sendo, a minha vontade é continuar e o meu grande sonho é deixar o Alcochetense na II Divisão Nacional.
Fonte: Jornal de Alcochete / Manuel da Guia
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