Entrevista de S.Marques ao jornal "Rostos"


Menos clubes inscritos nesta época

Sousa Marques, Presidente da Associação de Futebol de Setúbal, referiu ao «Rostos que as dificuldades financeiras das autarquias, das empresas e dos cidadãos estão a afectar a vida dos clubes do Distrito de Setúbal.

Sousa Marques sobre a perda do título de campeão distrital do Fabril do Barreiro, sublinha que – “é dentro do campo que os títulos se conquistam”.
O Fabril foi penalizado por um Regulamento “injusto” - “ele é moralmente o campeão, na secretaria não o foi”.

Sousa Marques, Presidente da Associação de Futebol de Setúbal, referiu ao «Rostos» que, neste inicio de nova época desportiva a actividade na região é marcada pelas mesmas circunstancias que “está o país, como estamos nós, como está a economia do país e como estão as empresas, todos com muitas dificuldades”.

Começar a época com algumas dificuldades

“Os clubes estão com grandes dificuldades, aliás, acabarão já a época passada com grandes dificuldades e, nesta época, que há um esforço financeiro maior, porque há que fazer inscrições, seguros, inspecções médicas, portanto, os clubes que já tinham acabado a época com algumas dificuldades financeiras, estão, também a começar a época com algumas dificuldades.” – sublinha Sousa Marques.

No futebol sénior onde tivemos algumas desistências

“Notamos, para já, um ligeiro abaixamento, em termos do número de equipas inscritas, o ano passado tínhamos 111, este ano temos 104.
Notamos, especialmente, no futebol sénior onde tivemos algumas desistências, de clubes que no nosso distrito tinham algum palmarés, que descendo da 1ª Divisão para a 2ª Divisão, este ano não vão continuar, por isso temos apenas 8 equipas inscritas na 2ª Divisão Distrital, o que é manifestamente pouco para aquilo que é o futebol no nosso distrito e aquilo que ele representa, até, mesmo, para o número de praticantes.” – sublinha Sousa Marques.

Somos um distrito com muita tradição no futebol

“Mas, vamos procurar viver assim, viver com estas dificuldades, tentar ajudar os clubes naquilo que é possível, e esperar que isto passe depressa e que não deixe muitas marcas.
Nós, de facto, somos um distrito com muita tradição no futebol e queremos que assim continue, sabemos que há momentos que não são tão bons, mas vamos procurar viver nestes momentos mais difíceis e esperar que, no futuro próximo, e se for num futuro próximo mesmo tudo possa retomar a normalidade”- refere o presidente da Associação de Futebol de Setúbal.

Poder Local está com muitas dificuldades

Quais as principais origens dessas dificuldades? - perguntámos
“Tem a ver com tudo. Nós sabemos que há clubes que são mais autosuficientes, outros que são menos autosuficientes, uns dependem mais do Poder Local, outros dependem menos do Poder Local.
Nós sabemos que o Poder Local está com muitas dificuldades e, aqueles clubes que eram muito dependentes do Poder Local, naturalmente, com o corte substancial dos apoios por parte das Câmaras Municipais estão a sentir isso, mas, não só, também as empresas que podiam ajudar os clubes e que muitas vezes até ajudavam, elas também estão em dificuldades, elas próprias em dificuldades para conseguirem manter as suas actividades.
E, porque não dizê-lo, os próprios cidadãos, os sócios dos clubes, estão em dificuldades e que têm outras formas para canalizar os parcos recursos financeiros que têm para outras situações mais úteis para a sua vida pessoal, que para o Movimento Associativo.
É, tudo isso que está a justificar estas dificuldades, mas, cá estamos e vamos ver o que conseguimos fazer” - sublinha.

Nós também temos uma casa para gerir

A Associação de Futebol de Setúbal também está em dificuldades?
“A Associação não pode dar um passo maior que a perna, a associação não se pode meter em cavalarias para as quais não tem condições.
Neste momento, a nossa preocupação é procurar reduzir ao mínimo as taxas de receitas que recebemos dos clubes, no sentido de nós podermos ser autossuficientes e ao mesmo tempo podermos ajudar os clubes, nesta fase difícil, não só reduzindo taxas, como até faseando pagamentos.
Este ano, por exemplo, vamos permitir aos clubes que não tenham um passivo para com a associação, possam fazer os pagamentos de inscrições, em três vezes até Dezembro. Esta é uma forma que temos de colaborar, como não temos pressão financeira de tesouraria, podemos libertar recursos para que os clubes possam pagar mais tarde. È o que podemos fazer.
Nós também temos uma casa para gerir, ao longo da época temos que honrar os nossos compromissos com os nossos fornecedores, o que podemos é, portanto, diferir no tempo os pagamentos e reduzir ao mínimo as taxas.

Relativamente a dívidas ao fisco nós já vivemos piores dias

Há muitos clubes no distrito com dívidas às finanças e Segurança Social?
“Relativamente a dívidas ao fisco nós já vivemos piores dias.
Neste momento há algumas situações difíceis, mas não são muito preocupantes.
Nós notamos isso porque, por vezes, percebemos que as Câmaras Municipais não podem ajudar os clubes porque não têm a sua situação regularizada e, por aí, conseguimos perceber quais os clubes que estão com mais dificuldades em termos de dividas à Segurança Social e às Finanças.
Já houve momentos, quando tínhamos mais clubes no nacional, e pelo facto de os clubes irem ao Nacional criavam-se esses problemas, neste momento não temos tantos clubes nos nacionais que possam gerar esse tipo de problemas.
Nós vamos procurando, no diálogo com as Câmaras Municipais, ir vendo as formas como é possível apoiar os clubes.”

É dentro do campo que os títulos se conquistam

Já agora, uma nota final, sobre a polémica do título conquistado pelo Fabril. O Fabril tem ou não tem razão?
“Eu entendo que o Regulamento é mau. Entendo que a decisão que foi tomada com base num Regulamento, um regulamento que é mau.
Se me perguntar se eu concordo com a decisão, eu não concordo que o Fabril não tivesse sido campeão distrital e não tivesse ascendido aos nacionais, quando por direito próprio, no campo, o mereceu, e, quando foi apanhado por um problema que não era dele, mas que era um problema de terceiros.
O Regulamento é assim que está, vamos procurar junto da Federação, há semelhança que algumas associação já o fizeram e procurar corrigir esta parte do Regulamento, que é da Federação Portuguesa de Futebol, porque entendemos que, este, é um Regulamento que é injusto.
Para mim, pessoalmente, e para qualquer pessoa que esteja no futebol, de forma muito equilibrada, tem que pensar que, de facto, quando se vence uma prova dentro do campo, porque é dentro do campo que os títulos se conquistam, não é na Secretaria.
O que aconteceu é que o Fabril foi apanhado, por um problema que não era dele e foi apanhado por um Regulamento que não é justo e, por esse facto deixou de ser campeão.

O Fabril é portanto o campeão?
“Ele é moralmente o campeão, na secretaria não o foi”.


Fonte: Rostos Online
Share on Google Plus

Autor: FMS

...
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 Comentários :