O Desportivo de Portugal é um modelo a seguir no futuro. Repare. Situado no coração do Vale da Amoreira— bairro social com graves problemas sociais — este recente emblema (33 anos) tem como missão única tirar os jovens da rua e afastá-los dos maus vícios (toxicodependência, roubos, etc.). E está a consegui-lo.
No Verão de 2009, surgiu a ideia de reactivar a equipa sénior, algo que já não acontecia há 29 anos. E correu bem. No primeiro ano, o Desportivo de Portugal sagrou-se campeão da 2.ª Divisão da AF Setúbal e, consequentemente, subiu à 1.ª Divisão. Um feito inédito. Sobretudo histórico, pois é o primeiro título de sempre.
«Muitas vezes costumo utilizar esta expressão: o Desportivo é, mais que um clube, uma cultura. Aqui vive-se a cultura do bairro. Sentem os êxitos do futebol como a vida que levam no bairro. É gente boa e humilde», explica Rui Fonseca, treinador campeão.
Sem ganhar um único euro, o técnico aceitou o desafio exclusivamente para ajudar. E apesar de estar lá há pouco tempo, está totalmente identificado com a conjuntura.
«O grupo é formidável. Foi formado na base das amizades. E muitos daqueles que não se falavam no bairro, devido a rivalidades, aqui ficaram a ser melhores amigos», salienta.
ORÇAMENTO... QUASE ZERO.
O orçamento para a época que agora findou é quase... zero. Só os massagistas é que são remunerados. Jogadores e treinadores receberam da Direcção três jantares (!). «E já é bom. Felizmente, não contamos com os apoios que tanto desejamos», explica Eugénio Alexandre, coordenador do futebol.
O plantel é totalmente formado por jogadores com raízes ao Vale da Amoreira. Podem ser de diferentes bairros, mas a família une-os, tal como o Desportivo. «Não ganhei nada pela primeira vez na minha carreira», revela Rui Fonseca, que ressalva:
— Mas a experiência foi extraordinária.
Filipe Muendo, 22 anos, foi o melhor marcador da equipa, com 13 golos. Já esteve no Sporting mas um lesão atraiçoou-o. Mas, segundo o treinador, ainda vai dar que falar no futuro.
Fonte A Bola
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